Cultura | 14-04-2024 21:00

Rancho do Vale de Santarém é uma força cultural e o guardião da etnografia local

Rancho do Vale de Santarém é uma força cultural e o guardião da etnografia local
Alexandre Ricardo, Júlio Ramos e Sandra Santos têm em comum a paixão pelo Rancho Folclórico do Vale de Santarém cujo impulsionador foi Viriato Ferreira

O Rancho Folclórico do Vale de Santarém faz 68 anos e tem meia centena de elementos, um deles, Júlio Ramos, que está no grupo há 65 anos e que deixou de dançar no ano passado tendo sido homenageado pelos colegas e pela junta de freguesia.

O rancho continua a conseguir atrair crianças e jovens para as suas fileiras e é a associação da freguesia que tem a responsabilidade de preservar a etnografia, as danças e cantares e os trajes de antigamente.

Júlio Ramos, de 74 anos, foi agraciado no ano passado pela Junta de Freguesia do Vale de Santarém com uma medalha pelos 65 anos de dedicação ao rancho folclórico da localidade do concelho de Santarém. A idade já pesa para dançar e por isso fez a última actuação no festival do Granho (Salvaterra de Magos) em 2023 e agora acompanha o grupo nas saídas e nos ensaios. O antigo motorista da Câmara Municipal de Santarém nasceu em Castelo Branco mas aos dois anos de idade mudou-se com os pais para o Vale de Santarém.
A amizade entre os componentes do rancho é um dos aspectos que o elemento com mais anos de actividade mais aprecia no Rancho Folclórico do Vale de Santarém, que quer criar um museu para preservar as tradições e etnografia local. O gosto pelas danças que incluem o “Fandango”, a “Já te disse”, “Verde Gaio do Vale”, “Combinámos ir à espiga” e o “Sapateado” mantém Júlio Ramos ligado ao rancho. Na sua última actuação foi homenageado pelo grupo. “Nós estamos a representar uma cultura, nós estamos a representar uma terra”, afirma Sandra Santos, 52 anos, natural de Luanda, funcionária na União de Freguesias de São Vicente do Paul e Vale de Figueira, que integra o rancho desde 2015.
O folclore não é coisa de velhos e continua a atrair algumas crianças e jovens como Alexandre Ricardo, de 12 anos, aluno na Escola Básica Marcelino Mesquita no Cartaxo, que tem como dança preferida a “Barra da Saia”. A época de actuações em festivais inicia-se em Março e termina em Novembro. O grupo já participou em eventos como o FolkLoures e o Festival do Grupo Folclórico e Cultural Boavista de Portalegre e costuma participar na animação da corrida “Scalabis Night Race” em Santarém. Apesar da valorização das associações locais, na perspetiva de Júlio Ramos, a adesão aos eventos nomeadamente o festival que o próprio rancho folclórico organiza na sua sede no Verão poderia ser maior tendo em conta a população que reside no Vale de Santarém.
Em Maio o rancho faz 68 anos de existência e vai ser descerrada uma placa com o novo nome da sede, que é Viriato Ferreira, impulsionador do rancho, revela o presidente do grupo há 13 anos, José David. A entrada para a Federação do Folclore Português em 2011 deu mais visibilidade nacional ao rancho e implicou, além da recolha de informação sobre a história do grupo, algumas ligeiras alterações em algumas danças e outras tiveram de ser abandonadas. José David, director de vendas em Lisboa, está há quatro décadas no Rancho Folclórico do Vale de Santarém, para onde entrou aos seis anos.
O rancho, que é associado da Inatel, tem meia centena de elementos entre os 7 e os 80 anos que envergam vários trajes que representam várias actividades como a de campino que é envergada pelo vice-presidente, Tiago Quina, bombeiro nos Sapadores do Cartaxo. Depois também há os trajes de regedor, o traje domingueiro e outros. Na sede, na Rua Francisco Lima Monteiro, também se fazem outras actividades, como o Festival do Caracol, em Maio, as noites de fados ou o baile da pinha. O apoio financeiro da Câmara Municipal de Santarém serviu no ano passado para requalificar os sanitários. A criação de um museu que contenha a história do rancho, cujo primeiro ensaio ocorreu a 10 de Março de 1956, é o objectivo próximo.

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