Desporto | 13-04-2024 21:00

João Queirós é campeão de boccia e descobriu que o desporto é um bom integrador social

João Queirós é campeão de boccia e descobriu que o desporto é um bom integrador social
Pedro Monserrate, responsável pelo desporto adaptado do Centro de Reabilitação e Integração Torrejano e o praticante de boccia João Queirós defendem que o desporto é uma forma de integração

João Queirós, de 37 anos, é atleta de Boccia do Centro de Reabilitação e Integração Torrejano (CRIT). Campeão da segunda divisão nacional, na modalidade, o ano passado, foi distinguido na Gala do Desporto de Torres Novas como Atleta do Ano de Desporto Adaptado.

Pedro Monserrate, responsável pelo desporto adaptado do CRIT, explica o trabalho que tem sido desenvolvido na instituição.

João Queirós é funcionário do Centro de Reabilitação e Integração Torrejano (CRIT) e praticante de boccia, tendo-se sagrado campeão nacional da segunda divisão no ano passado. A conquista valeu-lhe o prémio de “atleta do ano – desporto para pessoas com deficiência” na Gala do Desporto de Torres Novas. Pedro Monserrate, responsável pelo desporto adaptado do CRIT, está na instituição desde 2006 e tem acompanhado o percurso de João Queirós que está numa cadeira de rodas devido a um acidente de mota há 17 anos, que lhe provocou um corte na medula e uma lesão no braço direito. Para o atleta conseguir conduzir e fazer a vida de forma autónoma são das coisas que mais tem orgulho.
Defendendo que o desporto para pessoas incapacitadas pode servir como forma de integração social João Queirós considera que a maior motivação deve vir de casa. “Os jovens, por vezes, têm vergonha de sair à rua e de se mostrar, pela sua condição”, lamenta. Em 2010 conheceu o CRIT através de uma formação de armazenagem e informática tendo ficado a trabalhar nessa área na instituição. Conheceu o boccia nessa altura e foi amor à primeira vista. Iniciou-se em 2011 como federado na modalidade. Praticou basquete e andebol, já na instituição, apesar de apenas ter mantido o boccia e o rugby, que iniciou em 2021.
O período estipulado para treinos é a sexta-feira de manhã por isso perto das competições dedica algumas horas livres durante a semana para lançar bolas sozinho no ginásio da instituição. As maiores dificuldades prendem-se com o elevado custo dos materiais. “Uma cadeira para praticar andebol são cerca de quatro mil euros, um estojo de bolas de boccia cerca de três mil. Há atletas que não têm capacidade de conduzir e estão sujeitos a transportes públicos e quando não há não podem competir. O custo das deslocações e estadias também é mais um encargo”, lamenta, acrescentando que para as despesas avultadas os apoios que existem ainda são muito poucos.

CRIT tem cerca de 140 alunos em várias modalidades
Pedro Monserrate, licenciado em Educação Física e Desporto com especialização em Actividade Física Adaptada, revela que o CRIT tem cerca de 140 alunos de desporto adaptado, distribuídos por modalidades como o boccia, core futebol, andebol, basquete e natação. Para Pedro Monserrate o contacto com a água é uma das melhores actividades para pessoas com deficiência. O CRIT tem a colaboração da Associação de Judo de Santarém e o Clube Náutico da Barquinha para dinamizar actividades diferentes para os utentes. O CRIT conta com três atletas na modalidade de Boccia, a única federada em Portugal.
As maiores dificuldades do desporto adaptado são o apoio logístico, pela necessidade de carrinhas adaptadas com elevador de cadeira de rodas, e os custos monetários pelas viagens e estadias. Pedro Monserrate considera que o desporto em geral tem falta de condições, equipamentos desportivos, recursos humanos e financeiros para desenvolver as modalidades em Portugal. Segundo diz, a motivação das pessoas com deficiência para o desporto é um assunto complexo e relativo de caso para caso, mas acredita que o mais importante é os familiares e amigos incentivarem as pessoas a saírem de casa e integrarem-se através do desporto.

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