O MIRANTE dos Leitores | 05-05-2024 09:03

50 anos de Abril; o que ficou, o que mudou, o que ainda haverá a mudar

50 anos de Abril; o que ficou, o que mudou, o que ainda haverá a mudar
CULTURA E CIDADANIA

Portugal, país tão rico em tradições e Património, com uma costa marítima que tem das melhores praias do mundo, visitado anualmente por mais de 30 milhões de turistas, Portugal, país tão rico, poderia dar aos portugueses condições de vida bem melhores do que um mísero salário mínimo de 820 euros.

Sempre que se faz alusão ao 25 de Abril de 1974, a primeira palavra que ocorre é LIBERDADE, a primeira imagem, uma flor, um CRAVO.

Muitas décadas de ditadura e fascismo assolaram Portugal, antes que a palavra Liberdade pudesse brotar livremente dos lábios de todo um povo, e em voz alta proclamada.

Durante 48 anos, um terror fascista foi sentido em cada conversa, em cada livro e em cada palavra proferida. Quatro décadas, quase cinco, marcaram um país acostumado ao silêncio, amarrado à ignorância imposta, acorrentado a ideias que não ousava, sequer, refutar!

Mas o medo deixa de ser perpétuo quando a alma humana clama por mudança e quando o homem se permite a acreditar.

E assim foi determinado que cantasse o poeta a canção que para a posteridade ficaria conhecida como o hino da Revolução, emitida pela Radio Renascença, confirmando o que os diversos quarteis e seus soldados esperavam ouvir. E assim foi que Grândola, Vila Morena, entoou bem alto, marcando a saída da Revolução para as ruas, e a queda de 48 anos de ditadura.

E muitos foram os rostos anónimos, de homens e mulheres que saíram à rua, há meio século atrás, motivados pela esperança e pela fé num Portugal que renascia, que se libertava dos grilhões que amarravam as suas ideias e opiniões, os seus sonhos e os seus ideais.

Era uma Nação que de novo se erguia, em busca dos tempos áureos, liberta da opressão e da polícia do Antigo Regime.

Emergiu da escuridão uma nação com fé no amanhã.

Uma nação cuja voz, finalmente, soltou aquele grito que há muito encerrava na alma: LIBERDADE!

E cinquenta anos passaram, meio século na vida de um país é muito pouco, quase nada, mas para as mulheres e homens de Abril, 50 anos é uma vida! 50 anos depois, e ainda alguns dos rostos que fizeram Abril saem à rua, não só para as comemorações que a data exige, mas para reivindicar direitos adquiridos com a revolução que os sucessivos governos tenderam a banalizar. Rostos enrugados pela passagem do tempo, que levam pela mão as duas gerações que lhes sucederam, e que, em conjunto, gritam por mais condições de vida para todos em Portugal.

Portugal, país tão rico em tradições e Património, com uma costa marítima que tem das melhores praias do mundo, visitado anualmente por mais de 30 milhões de turistas, Portugal, país tão rico, poderia dar aos portugueses condições de vida bem melhores do que um mísero salário mínimo de 820 euros.

Mas, enquanto surgirem novos partidos políticos, que em nada acrescentam à democracia em Portugal, enquanto na Assembleia da Republica os deputados forem mais do que o necessário, enquanto as obras públicas sofrerem sempre derrapagens e as pastas entregues a “afilhados”, Portugal e os homens e as mulheres de Abril, terão de continuar a erguer o seu cravo e a lutar!

De Abril fica o poder da palavra, sem censura, contudo, tudo aquilo pelo que se lutou continua a merecer luta porque ainda falta “cumprir Portugal”.

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