Política | 05-05-2024 07:00

Hoje temos um país melhor mas há muitos desafios ainda por vencer

Hoje temos um país melhor mas há muitos desafios ainda por vencer
Sessão solene da Assembleia Municipal de Tomar assinalou os 50 anos do 25 de Abril de 1974

Partidos políticos com assento na Assembleia Municipal de Tomar recordaram os tempos vividos durante o Estado Novo e celebraram as conquistas de Abril, que não se podem considerar garantidas. A intervenção dos políticos assentou também nos problemas da actualidade.

A Assembleia Municipal de Tomar assinalou o cinquentenário do 25 de Abril com uma sessão solene, na Biblioteca Municipal de Tomar, marcada pela intervenção de políticos com assento nesse órgão, que agradeceram e elogiaram quem arriscou a vida pela democracia. Hugo Costa (PS) referiu que é o primeiro presidente da Assembleia Municipal de Tomar nascido em liberdade, alertando que “a democracia e a liberdade estão sempre em construção e nada está adquirido”. O poder local democrático é uma das conquistas de Abril, disse, assim como os avanços sociais, melhorias da saúde e educação.
Também Paulo Mendes (BE) relatou as condições de vida da população durante o Estado Novo e a repressão contra os opositores do regime que culminava em prisão, tortura e, por vezes, na morte. O porta-voz do Bloco de Esquerda alertou para os perigos do autoritarismo e enfatizou a importância de avaliar o valor do 25 de Abril em tempos de crise e descontentamento, referindo o aumento do número de portugueses que decidem não votar. “Impõe-se uma profunda reflexão de todos os partidos políticos, mas sobretudo dos que têm governado o país”, afirmou.
O PSD, na voz de João Tenreiro, dirigiu o seu discurso para os políticos. “Com a liberdade veio a obrigação da verdade e de não mentir na campanha eleitoral, de falar a verdade na gestão e prossecução do interesse público e nas promessas aos cidadãos que exigem de nós a verdade”, referiu. Destacou áreas problemáticas no país como a Justiça, Saúde, Habitação e Forças Armadas, incentivando a participação activa dos cidadãos na política para melhorar o país.
Francisco Tavares (CDS) focou o discurso no presente, no futuro e na liberdade, que tem que ser cuidada e mantida diariamente para que não se perca. Falou dos “tempos estranhos” que se vivem em que os próprios políticos contribuem para a divisão da sociedade. Falou dos direitos das mulheres, referiu que ter trabalho não é só por si garantia de não viver em pobreza e da geração mais qualificada de sempre que emigra para o estrangeiro à procura de melhores condições. Aconselhou ainda que os jovens não fiquem calados, nem deixem de lutar pelas liberdades e direitos, assim como lutar por uma vida boa.
“A rápida mudança política e social que se seguiu à Revolução dos Cravos trouxe consigo instabilidade e incerteza”, afirmou o representante do Chega, Américo Costa, sublinhando o 25 de Novembro de 1975 como um momento crucial na consolidação da democracia em Portugal. Referiu ainda a necessidade de proteger e preservar os princípios fundamentais da democracia.
Luísa Ruela (CDU) lembrou algumas vitórias de Abril que perduram como os direitos de maternidade e paternidade, educação e saúde. Assim como a implementação do salário mínimo, férias pagas e direitos das mulheres. Américo Pereira (InN) abordou o dia da Revolução dos Cravos como um marco histórico, que não se resume ao derrube da ditadura mas também aos desafios enfrentados após o golpe, recordando as vítimas mortais que aconteceram no pós 25 de Abril, e as desigualdades que ainda persistem. Susana Faria (PS) alertou para as ameaças à democracia numa sociedade que, maioritariamente, já nasceu em liberdade. “Por muito imperfeita que possa ser a nossa democracia, entre uma democracia imperfeita ou uma perfeita ditadura, preferirei sempre a democracia”, sublinhou.
O primeiro presidente da Câmara de Tomar nascido após a revolução, Hugo Cristóvão (PS), foi o último a discursar. “Hoje temos um país melhor e os portugueses estão melhor e a primeira prova é que mesmo os que acham que não, podem-no dizer livremente”, frisou. O autarca reconheceu que ainda há desafios a enfrentar, como a questão da habitação e da distribuição de riqueza, incentivando a participação de todos para melhorar.

À margem/opinião

Juventude inquieta

A certeza de que a idade não conta chegou pela voz de Luísa Ruela, da CDU, que se destacou entre os políticos dos vários partidos pela assertividade e confiança que demonstrou ao discursar. Na casa dos 20 e poucos anos, criticou as políticas de direita dos governos de PS, PSD e CDS. A jovem não poupou na condenação do sistema capitalista em que vivemos, enumerando problemas no ensino superior, a crescente desigualdade entre classes e os baixos salários dos empregados de grandes superfícies comerciais que atingem lucros recorde. As tentativas de branqueamento e a promoção do fascismo nos últimos tempos não foram esquecidas no discurso da jovem que impressionou muitos adultos presentes no público.

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