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A poluição mede-se no campo

Distrito de Santarém só tem uma estação de medição dos níveis de ozono

A única estação de medição dos níveis de ozono do distrito de Santarém foi instalada na Chamusca porque, apesar de parecer contraditório, a poluição mede-se melhor no campo que nas cidades. Uma té -cnica do Ministério do Ambiente explica porquê e O MIRANTE aproveita para alertar para os riscos provocados pelo excesso daquele gás.

A única estação de medição dos níveis de ozono no distrito de Santarém, situa-se na Chamusca. A escolha da vila para instalar o equipamento, que está ao serviço desde o final do ano passado junto à igreja do Senhor do Bonfim, ficou a dever-se às características da zona. Segundo a técnica do departamento de qualidade do ar da Direcção Regional de Ambiente de Lisboa e Vale do Tejo (DRALVT), Luísa Nogueira, “os concelhos em redor da Chamusca têm semelhanças em termos das condições de ambiente, características do terreno e das indústrias, que são muito poucas”, justificou. A estação foi instalada com o objectivo de “caracterizar os níveis regionais de ozono”, explicou a técnica, acrescentando que “a partir dos valores registados na Chamusca, pode ser feito um estudo mais aprofundado para qualificar a situação do distrito”. Assim, os valores elevados de ozono que se têm registado nesta estação, nos últimos dias, podem reportar-se a um perímetro de 50 quilómetros em redor da vila. Recorde-se que esta estação de medição tem vindo a indicar valores muito acima do limiar de risco. Na sexta-feira, dia 1, os níveis subiram até aos 254 microgramas por metro cúbico (mg/m3). Antes, na quinta-feira, dia 31 de Julho, os valores já rondavam os 225mg/m3. Valores muito acima dos que foram registados noutras zona do país, como em Santiago do Cacém (Alentejo), que chegaram aos 194 mg/m3. O máximo admitido é de 180 mg/m3, escalão a partir do qual podem surgir problemas de saúde em grupos mais vulneráveis, como crianças e idosos. A partir de 360 mg/m3 dá-se o limiar de alerta, acima do qual existe um risco para a saúde de toda a população. A técnica disse a O MIRANTE que as estações de âmbito regional não podem ficar junto a fontes poluidoras, uma vez que os dados assim obtidos podem não dar uma indicação da realidade. O ozono forma-se a partir de poluentes, sobretudo os emitidos pelos automóveis, nomeadamente óxidos de azoto e compostos orgânicos voláteis, e surge por influência da grande intensidade dos raios solares. No entanto, como explicou Luísa Nogueira, onde existe um grande tráfego automóvel os gases que estão na atmosfera são destruídos pelos que se vão formando. “É por isso que em Lisboa, que é uma cidade muito poluída, se registam níveis de ozono mais baixos que em zonas rurais”.“Como na Chamusca, por exemplo, não há uma grande produção de gases dos automóveis, os que são para ali transportados pelo vento mantêm-se na atmosfera, uma vez que também não há emissão de poluentes que os destruam”, disse.Garantindo que as fábricas têm pouca influência na formação do ozono, porque a produção de óxido de azoto é quase nula, Luísa Nogueira considerou, contudo, que as substâncias produzidas pela combustão das matas, em casos de incêndio, contribui para o aumento dos níveis de ozono. Luísa Nogueira sublinhou ainda que não está prevista a instalação de mais nenhuma estação no distrito de Santarém, até porque se trata de equipamentos muito caros. Estas estações medem também outras partículas existentes na atmosfera. Os dados recolhidos pelo equipamento são transmitidos automaticamente para a DRALVT através de um sistema de linha telefónica. No entanto desde sábado, altura em que um incêndio de grandes proporções afectou o concelho da Chamusca, que os dados não estão a ser recebidos na DRALVT. A situação deve-se ao facto do fogo ter afectado as linhas telefónicas da zona. O ozono é um gás que existe na camada alta da atmosfera, onde funciona como escudo para impedir a passagem de raios ultravioleta. No entanto é prejudicial para a saúde humana quando se concentra junto à superfície terrestre, o que ocorre em situações de muito calor e poluição automóvel. Sendo um poderoso oxidante, o ozono em níveis muito elevados pode provocar dificuldades respiratórias e irritações nos olhos, nariz e garganta. Pode ainda ter influência na produção agrícola e provocar danos na vegetação.

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