uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
História dos avieiros da Póvoa contada em montra de loja tradicional

História dos avieiros da Póvoa contada em montra de loja tradicional

Comerciante evoca os antigos bairros dos pescadores junto ao Tejo

A montra da loja nº29 da Rua da República, na Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira, conta a história dos avieiros que na década de cinquenta do século passado migraram até à freguesia.

A chegada dos avieiros à Póvoa de Santa Iria a partir da década de cinquenta do século passado - bem como a futura urbanização Vila Rio - estão retratadas na montra de uma loja tradicional na zona antiga da Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira. Desde 2005 que é comum encontrar na loja nº29 da Rua da República, estabelecimento com 85 anos, um “presépio” original. O tema deste ano começou a ser pensado por Célia Monteiro, 57 anos, há um ano. Para contar a história dos avieiros foi comprando algumas peças ao longo do tempo e recuperando outras de presépios passados. Uma pequena casa de madeira que encontrou à venda serviu para representar as casas palafíticas, típicas dos avieiros. Um amigo fez a porta, a janela e colocou as estacas por baixo. De uma farmácia trouxe a casa que representa a futura urbanização Vila Rio. Uma caixa verde serviu para criar a tenda militar onde os avieiros viveram durante dois anos depois de verem as suas casas destruídas. Um barco típico dos avieiros, o mouchão da Póvoa com os caçadores em miniatura, e o rio Tejo, com os filhos dos avieiros a tomar banho, são alguns elementos de uma representação recheada de pormenores. Na montra da loja estão afixadas umas folhas onde se lê a história dos avieiros da Póvoa. Foram escritas por Célia Monteiro que conviveu desde sempre com os pescadores que se vinham abastecer à loja do pai, na altura uma mercearia. Os avieiros chegaram à Póvoa de Santa Iria oriundos de Vieira de Leiria e começaram a construir casas em madeira, assentes em cima de estacas de madeira (casas palafíticas). Segundo a comerciante no princípio da década de sessenta o Porto de Lisboa, proprietário dos terrenos onde os avieiros construiram as casas, mandou deitar abaixo todas as construções, deixando seis famílias sem tecto a viver na rua ao frio e à chuva. O capitão Henrique Tenreiro, conta Célia Monteiro, mandou colocar umas tendas do exército para abrigar as famílias desalojadas, onde viveram durante dois anos. O antigo bairro dos avieiros durou quase quarenta anos até 2004, ano em que foi entregue à comunidade avieira o bairro social. Existe um projecto de Candidatura da Cultura Avieira a Património Nacional que defende a recuperação da aldeia avieira da Póvoa de Santa Iria para valorizar o património cultural existente e integrar uma rota turística com base no rio Tejo, que ligará a Marina do Parque das Nações à Golegã por vias fluvial, rodoviária e aérea. “Infelizmente a Câmara de Vila Franca de Xira entende que é mais fácil projectar um condomínio fechado para a Póvoa do que preservar toda a cultura da comunidade”, critica Célia Monteiro nas páginas que colocou na montra da loja, referindo-se ao polémico empreendimento Vila Rio que vai ser contruído na zona ribeirinha.Num canto da montra da loja está também o presépio tradicional com as figuras de barro que Célia Monteiro também vende na loja. “Gosto muito de ver as crianças a espreitar a montra. Pretendo principalmente mostrar um pouco da nossa cultura às pessoas da Póvoa que vieram depois do 25 de Abril”, conta Célia Monteiro que levou três dias a criar a montra que pode ser vista até ao dia 31 de Dezembro.
História dos avieiros da Póvoa contada em montra de loja tradicional

Mais Notícias

    A carregar...