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Ecuménico Manuel Serra d’Aire

Depois de ter sido relatado o caricato caso das instalações das juntas médicas em Tomar que não tinham acesso para pessoas em cadeiras de rodas, agora soube-se que uma junta médica da Segurança Social mandou ir trabalhar uma mulher da zona de Vila Franca de Xira com um pé engessado, retirando-lhe a baixa. A paciente, empregada num lar de idosos, protestou mas de nada lhe valeu. Porque palavra de junta médica é sagrada.Muita gente se indignou com este episódio, acentuando a falta de coração de quem avaliou a lesada. Eu, evidenciando a minha faceta apaziguadora, prefiro analisar as coisas sob outro prisma e tentar compreender quem decidiu de forma aparentemente tão leviana. Por isso julgo que essa tal junta médica, que muitos vêem como a bruxa má desta história, apenas quis exortar os portugueses, através dessa azarada doente, a apelarem ao seu espírito de sacrifício nestes tempos de crise e penúria, em nome da produtividade e da poupança de dinheiros públicos. Porque se o Eusébio e o Mantorras jogaram infiltrados e com os joelhos todos remendados em prol do seu Benfica, também a dita senhora devia fazer um esforço e ir trabalhar, mesmo tendo um pé de chumbo. Ela e todos os coxos, marrecos e estropiados das mais diversas espécies que sugam o dinheirinho da nossa Segurança Social com baixas e subsídios quando têm muito bom cabedal para vergar a mola.Aliás, um bom exemplo de espírito de sacrifício é protagonizado precisamente pelos membros dessa junta médica que, em tempos normais, sem o garrote da austeridade, estariam certamente ao cuidado de uma instituição apropriada até ficarem novamente aptos a regressar ao trabalho. Mas como todos somos poucos para dar a volta a isto, não viraram a cara à luta e vão fazendo o melhor que podem. Só é pena que o seu melhor esteja ao nível do que se viu agora.Um bom exemplo de espírito de sacrifício é o dos peregrinos de Fátima, que agora podemos absorver pela Internet graças às imagens que são transmitidas, 24 horas sobre 24 horas, directamente da capelinha das Aparições. Uma cortesia do Santuário de Fátima que em boa hora publicitaste no teu último escrito e de que eu já me tornei fã. Sangue, suor e lágrimas são ingredientes que garantem audiências televisivas e o Santuário de Fátima, que tem fama de ter olho para o negócio, devia começar a olhar com outros olhos para esse projecto e começar a captar publicidade para meter anúncios entre missas e outras cerimónias que ali se realizam. Afinal de contas trata-se de uma espécie de Big Brother, embora com matiz religiosa, com um cenário já montado e actores que não custam um cêntimo à produção e desempenham o seu papel com toda a naturalidade e sem os tiques e maneirismos dos pseudo-famosos que enxameiam as nossas televisões. Enfim, sintetizando, aquilo pode ser uma mina e eu espero realmente ter os meus minutos de glória (a que todos temos direito) quando o Sporting for campeão nacional e eu for filmado a dar 10 voltas ao recinto da capelinha a fazer o pino como pagamento da respectiva promessa. Só não consigo prometer é quando é que isso vai acontecer...Saudações leoninas do Serafim das Neves

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