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Falta de emprego qualificado acelera desertificação na região 
Bruno Oliveira, António Torrão e Maria José Serra

Falta de emprego qualificado acelera desertificação na região 

A desertificação é um tema recorrente e volta a merecer destaque nesta edição de O MIRANTE. Conversámos com os presidentes de junta da Parreira/Chouto, na Chamusca, e de Carregueiros, em Tomar, que confessam sentir mágoa por não conseguirem abrandar a perda de população nas suas aldeias. No lado inverso, há cada vez mais pessoas a escolherem Aveiras de Cima, em Azambuja, para constituir família.


Há quem defenda que a pandemia veio atenuar a desertificação do interior, pois as pessoas estão a fugir para as aldeias mais isoladas para se sentirem mais seguras. Por outro lado, há quem admita que querer parar a desertificação do interior é como querer parar o vento com as mãos. Bruno Oliveira (PS) é presidente da União de Freguesias da Parreira e Chouto, no concelho da Chamusca. Afirma que a desertificação do mundo rural é uma tendência irreversível e que a solução passa por geri-la de modo a garantir as necessidades básicas da população que ainda reside nas aldeias, assim como defender o património de interesse cultural.
O autarca diz que é preciso criar condições para habitação e para a criação de emprego qualificado de modo a fixar a população. “Estamos muito bem situados, a poucos quilómetros da Chamusca, Alpiarça, Almeirim e Santarém. Temos muita qualidade de vida, onde muita gente ainda vive do que semeia. Estamos a abraçar a sociedade moderna, mas também queremos manter a tradicional”, garante a O MIRANTE.
A freguesia da Parreira e Chouto é a maior do concelho da Chamusca, com mais de um milhar de habitantes. A pandemia fez saltar à vista alguns casos sociais, que estão sinalizados e a serem acompanhados. “Apesar de termos muito território, e a população estar dispersa, temos conseguido apoiar as famílias mais carenciadas”, assegura.
As desigualdades sociais também se agravaram na freguesia de Carregueiros, em Tomar. Maria José Serra, presidente da junta, conta que não tem sido fácil gerir a pandemia numa freguesia cada vez mais desabitada. “Temos cerca de mil habitantes, mas de ano para ano vejo as pessoas a irem embora, principalmente por falta de emprego qualificado”, afirma, dando o exemplo da sua filha, de 30 anos.
“A minha filha foi estudar Educação para Viseu e nunca mais regressou. Trabalha numa empresa de formação e consultoria e está muito feliz. Tem saudades de casa e de Tomar, mas as oportunidades estão lá fora”, lamenta. A autarca do PSD admite que a qualidade de vida tende a ser superior em ambientes rurais, mas tem de haver mais investimento na criação de empresas que fixem os jovens nestas aldeias.

Emprego é a melhor arma para combater a desertificação
O problema do desemprego não se sente em Aveiras de Cima, concelho de Azambuja, assim como também não existe o problema da desertificação. Quem o diz é António Torrão, presidente da junta de freguesia. Um dos principais factores que tem contribuído para o aumento da população está relacionado com a proximidade da Plataforma Logística Lisboa-Norte cujas empresas criam todos os anos centenas de postos de trabalho.
“A criação de emprego é, sem dúvida, a melhor arma para combater a desertificação. Tenho a certeza de que nos Censos deste ano, que começam a ser recolhidos em Abril, vamos chegar aos cinco mil habitantes, o que significa que temos mais população do que algumas capitais de concelho”, afirma com orgulho.
A proximidade com a A1 (Auto-estrada do Norte) e com Lisboa também é fundamental para este desenvolvimento, diz. António Torrão refere ainda que em Aveiras de Cima existem poucos casos sociais dignos de registo porque o trabalho de apoio às famílias é realizado em rede, com várias instituições possibilitando um acompanhamento permanente ao idosos que vivem mais isolados.

Falta de emprego qualificado acelera desertificação na região 

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