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Rui Gaspar transformou a Biblioteca de Alpiarça num espaço de inovação e criatividade
Rui Gaspar é um dos fundadores e actual coordenador da Biblioteca Municipal de Alpiarça

Rui Gaspar transformou a Biblioteca de Alpiarça num espaço de inovação e criatividade

É um dos fundadores e actual coordenador da Biblioteca Municipal de Alpiarça. Considera-se um ávido leitor e um apaixonado pela figura do “Professor Pardal”, o génio inventor das histórias do “Tio Patinhas”. Ao longo dos anos Rui Gaspar investiu na inovação e criatividade que actualmente são imagem de marca da biblioteca.

Rui Gaspar, 59 anos, nasceu e cresceu em Alpiarça e é conhecido na terra por ter sido um dos impulsionadores da biblioteca municipal, que tem como missão aproximar a comunidade dos livros e, consequentemente, do conhecimento. A paixão pela literatura começou quando ainda era muito jovem e se aproveitava dos livros que o irmão mais velho comprava. A necessidade de saber mais e de viajar através da imaginação são duas das principais razões para viver uma vida dedicada à literatura, conta a O MIRANTE.

As suas primeiras leituras foram os almanaques da Disney, onde tinha como ídolo o “Professor Pardal”, o génio inventor das histórias do “Tio Patinhas”. As suas invenções serviram de inspiração para começar a dedicar-se à construção de motas e bicicletas a partir de peças que ia buscar a duas oficinas que tinha perto de casa. “Uma vez participei numa corrida de motas nocturna, na estrada que liga Alpiarça a Almeirim, e ganhei de forma tão clara que os meus amigos nunca mais quiseram competir comigo”, recorda com um sorriso no rosto.

Mais tarde, Rui Gaspar chegou mesmo a produzir uma mota que venceu um Campeonato Nacional de Motocross. A paixão pela mecânica surgiu depois de queimar muitas pestanas a ler livros sobre mecânica e física dos motores de combustão.

No final da adolescência saiu de Alpiarça para cumprir o serviço militar obrigatório. Alistou-se na Marinha, onde frequentou um curso de Eletrotecnia. O momento que marca a sua vida aconteceu aos 21 anos quando um acidente de mota lhe trocou as voltas e o deixou incapacitado do braço esquerdo. A O MIRANTE confessa que se sentiu perdido e com dúvidas em relação ao futuro, mas o apoio da família e dos amigos deu-lhe ânimo para continuar a lutar pelos seus sonhos. Completou o curso de formação de bibliotecários já com o objectivo de fundar a Biblioteca Municipal de Alpiarça. Mais tarde licenciou-se em Ciências da Informação e Documentação e concluiu um doutoramento em Media e Arte Digital.

CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO SÃO IMAGEM DE MARCA

Desde que assumiu a função de coordenador da biblioteca municipal Rui Gaspar implementou vários projectos inovadores e tecnológicos: o ARBOR é um dispositivo em forma de árvore que reage à presença humana através de vários sensores e luzes e permite ao utilizador escrever como se estivesse a colher frutos de uma árvore; a “Prazerosa” é uma cadeira de leitura com realidade aumentada que permite ao utilizador sentir o que está a ler.

A sua necessidade de criar também tem sido transportada para dentro da biblioteca. O dispositivo “CHIU” regista o barulho que se ouve dentro da biblioteca, sendo que os ecrãs dos computadores se desligam durante cinco ou dez minutos se o barulho for muito elevado; mais recentemente, para perceber quais as revistas mais lidas, implementou um dispositivo que regista, através de fotossensores, quais as publicações que são retiradas das prateleiras. “A tecnologia deve ser bem aproveitada porque faz parte da evolução. A criatividade e inovação são duas características que tenho e os projectos que desenvolvo funcionam como uma terapia”, explica.

O FUTURO DAS BIBLIOTECAS

Rui Gaspar considera que as bibliotecas devem ser um ponto de confluência das artes, literatura e ciência. Conhecer o passado é fundamental, mas é necessário olhar para o futuro e adaptar as bibliotecas às novas realidades, diz. Nesse sentido ajudou a fundar a Rede de Bibliotecas Municipais da Lezíria do Tejo e tem para implementar, em 2022, o “BibloTic’s”, um projecto que envolve formações em redes sociais, ensina a preencher uma declaração de IRS e tem uma forte componente robótica.

A Biblioteca de Alpiarça tem-se adaptado aos avanços tecnológicos e aos efeitos da pandemia. Já existe uma aplicação para telemóvel onde é possível consultar o catálogo e requisitar publicações; iniciativas como “Conto-vos um conto, contem um também!”, realizada através de videoconferência, também foi um projecto de enorme sucesso e que tem tudo para continuar a ser implementado nas escolas e lares de idosos do concelho.

Treze mil visitantes em 2019

A Biblioteca Municipal de Alpiarça recebeu cerca de 13 mil visitantes em 2019. Em 2020, devido à pandemia, esteve grande parte do ano encerrada desenvolvendo mais de 150 actividades online. Os livros mais requisitados em 2020 foram “D. Teresa: uma mulher que não abriu mão do poder”, de Isabel Stillwell, “O Sonho Mais Doce”, de Doris Lessing e “O Farmacêutico de Auschwitz”, de Patricia Posner. As secções que mais despertam o interesse dos leitores são as de romance e ficção. Os autores ribatejanos mais lidos são José João Pais, Ricardo Hipólito e João Serrano.

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