Sociedade | 27-04-2024 21:00

Tomar vai perder forno romano com dois mil anos

Tomar vai perder forno romano com dois mil anos
Carlos Batata, arqueólogo responsável pela escavação, junto do forno romano descoberto no Flecheiro

Forno romano com cerca de dois mil anos descoberto na zona das obras do Flecheiro vai voltar a ser tapado. Presidente da câmara diz que o custo-benefício não justifica a manutenção desse achado visível e que a melhor forma de o preservar é cobri-lo com terra novamente.

Um forno romano com cerca de dois mil anos foi descoberto durante as obras do Flecheiro, em Tomar. O município organizou uma visita guiada à recente descoberta arqueológica com o arqueólogo responsável pela escavação, Carlos Batata, a 18 de Abril, no âmbito do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. O que os cerca de 30 participantes da iniciativa não esperavam é que o presidente da câmara, Hugo Cristóvão, dissesse que “a melhor forma de preservar é voltar a tapar”.
O autarca explicou que “o custo-benefício não justifica”, uma vez que o custo seria superior a 50 mil euros e não garante a preservação do achado que se encontra numa zona inundável. Segundo o presidente, não é possível fazer uma caixa estanque, acrescentando que vão deixar um registo no local para memória futura. A decisão de encobrir o forno romano não agradou os participantes que esperavam a preservação do achado e a possibilidade de o voltar a visitar.
Carlos Batata explicou que o forno romano devia servir para cozer grandes quantidades de materiais como talhas, ânforas e telhas. Na visita ao achado estava visível a zona da fornalha feita de tijoleira e barro. O arqueólogo disse que ainda encontrou carvão da última queima. Próximo do forno romano, a cerca de 100 metros, foram encontrados vestígios muito destruídos das habitações dos forneiros que tinham o mesmo alinhamento, dimensões e materiais das casas típicas das urbes romanas.
Além disso, várias foram as descobertas na zona como materiais que remetiam à ocupação paleolítica com cerca de 100 mil anos. No entanto já não era novidade que o homem pré-histórico povoou o espaço da cidade, ideal para as suas actividades de agricultura, caça e pesca devido à proximidade do rio Nabão.
Carlos Batata frisou que a descoberta veio enriquecer o conhecimento sobre a história dos antepassados de Tomar, complementando-se com outros monumentos romanos como as termas medicinais junto ao pavilhão municipal, a Ponte Velha e a ponte que hoje é conhecida como o Açude das Ferrarias, além do Fórum Romano que está previsto abrir. “Tínhamos elementos suficientes para fazer um circuito de monumentos romanos”, referiu o arqueólogo a O MIRANTE, acrescentando que não vai acontecer uma vez que o forno não vai ficar visível.

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