Sociedade | 29-04-2024 15:00

Derrocada devido a obra municipal deixa moradores desalojados em Torres Novas

Derrocada devido a obra municipal deixa moradores desalojados em Torres Novas
Os incidentes aconteceram no decorrer de obras a cargo do município de Torres Novas

Derrocada em edifício contíguo a um terreno onde decorrem obras a cargo do município deixou três pessoas desalojadas.

Numa outra zona da cidade uma fuga de gás parou o trânsito e confinou alunos e moradores. Presidente do município diz que estão a encetar diligências para saber origem dos incidentes. PSD pede apuramento de responsabilidades.

A derrocada parcial de um edifício de habitação contíguo a uma empreitada municipal para construção de habitação na Rua dos Ferreiros, em Torres Novas, deixou, na manhã de terça-feira, 16 de Abril, três pessoas desalojadas, tendo duas delas ficado com a casa bastante danificada. Embora não tenha havido feridos a registar, no momento do desabamento, provocado por escavações no decorrer da empreitada da Câmara de Torres Novas, um jovem de 20 anos encontrava-se no interior da habitação.
“Estava a dormir no quarto, muito perto da parede que ruiu. Apanhámos um susto de morte, foi uma sorte não ter desabado toda, porque é uma estrutura de uma casa antiga”, refere a O MIRANTE fonte próxima da família do jovem que pede para não ser identificada. Desde 16 de Abril que a mulher de 48 anos, funcionária da câmara municipal, e o filho nunca mais lá puderam entrar por risco de desabamento total do edificado. “Ficaram sem nada, só com a roupa que tinham no corpo”, garante a mesma fonte, acrescentando que tiveram de comprar e pagar do seu bolso bens essenciais, nomeadamente de higiene pessoal.
Contactado por O MIRANTE, o presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira, afirmou que, de facto, a derrocada de um muro “pôs em risco uma habitação” na sequência de uma escavação que estava prevista no decorrer de obra camarária. E adiantou que parece haver evidência de que terá ocorrido devido à existência, no subsolo, de silos antigos que eram usados pela comunidade para guardar cereais e outros bens. Algo que não foi possível apurar no estudo geotécnico que foi feito e que, sublinhou, é feito para todas as empreitadas.
“De imediato suspendemos a obra e vamos com muita urgência contactar empresas da especialidade sobre a sustentabilidade daquela zona e criar uma zona estável para a obra poder continuar e reparar parte da casa que ficou em risco. Os serviços técnicos estão a tratar disso ao segundo”, afirmou Pedro Ferreira, lamentando o transtorno que a situação está a causar a quem ali habitava.
Para aquela família os lamentos não são suficientes e, segundo a mesma fonte, o que se lamenta efectivamente é “não ter havido um telefonema a perguntar se tinham onde ficar naquela noite”. A família teve de ir viver para casa de familiares fora do concelho de Torres Novas. Além desta família, a derrocada afectou um empresário com estabelecimento naquele local e uma outra moradora que também ficou desalojada e foi morar, provisoriamente, para casa de familiares.
Na sexta-feira, três dias depois do incidente, é que os afectados foram chamados a reunir com o presidente do município, que tendo tomado conhecimento das dificuldades que enfrentavam em termos habitacionais autorizou a atribuição de uma casa provisória à mãe e filho. Na segunda-feira, 22 de Abril, uma equipa encontrava-se no local a trabalhar na estabilização da habitação desta família.

Fuga de gás em obra municipal confinou alunos e moradores
Na mesma cidade e no mesmo dia, na zona da Várzea, entre o acesso a um hipermercado e bombas de combustível houve uma rotura de uma conduta de gás provocada por uma máquina, também no decorrer de uma obra municipal. Segundo o comandante dos Bombeiros Torrejanos, José Carlos Pereira, a rotura da conduta foi considerada de “grande dimensão”, tendo obrigado ao corte de trânsito no sentido sul-norte durante cerca de uma hora e ao confinamento de alunos no interior da escola profissional e dos moradores nas suas habitações. O alerta para o incidente ocorreu cerca das 14h00 e no local estiveram os Bombeiros Torrejanos, serviço municipal de protecção civil e técnicos da empresa de gás.
O presidente do município assegurou que também neste caso estão a ser “tomadas providências para saber o que se passou e apurar responsabilidades”, sublinhando que “foi uma situação absolutamente controlada no momento” e que “não comprometeu nada”.

PSD quer saber se planos de segurança são cumpridos

As situações ocorridas quase em simultâneo estão a causar preocupação. A comissão política do PSD de Torres Novas já se pronunciou em comunicado onde anuncia que “irá apresentar um requerimento ao senhor presidente da Câmara de Torres Novas para esclarecer o que se passa com a segurança das diversas obras que estão a ser promovidas pelo município”.
“É muito preocupante que duas situações de potencial perigo extremo para pessoas e bens tenham ocorrido quase em simultâneo. É também imprescindível saber se os moradores do prédio da rua de Santiago, que desabou, foram bem realojados e se lhes está a ser dada a atenção devida, ainda que a responsabilidade que vier a ser apurada possa não ser do município, o dono de obra”, diz o PSD, acrescentando que vai “diligenciar sobre se os Planos de Segurança e Saúde em obra aprovados em reunião de câmara estão a ser cumpridos e se estão devidamente ajustados à realidade”.

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