Sociedade | 04-05-2024 10:00

Discursos do 25 de Abril em Azambuja entre críticas a quem governa e ameaças à democracia

Discursos do 25 de Abril em Azambuja entre críticas a quem governa e ameaças à democracia
Vera Braz, presidente da Assembleia Municipal de Azambuja. Foto CM Azambuja

Na sessão solene do 25 de Abril, em Azambuja, CDU, BE e Chega focaram-se no panorama nacional. O PSD virou-se para o concelho e ficou com o discurso mais polémico da noite, acusando os socialistas de terem adoecido a democracia. O presidente do município prometeu dar resposta e a presidente da assembleia disse sentir-se ameaçada nos seus direitos.

A sessão solene do 25 de Abril em Azambuja ficou marcada por discursos que exaltaram os valores da liberdade e as conquistas de Abril, mas também por duras críticas ao executivo socialista que governa o município e à assembleia municipal presidida pelo mesmo partido. A presidente da assembleia, Vera Braz, a última da noite a subir ao púlpito, optou por um discurso focado nas mulheres e nos seus direitos.
“Eu que sou presidente desta assembleia e incentivo outras a chegar onde só os homens tinham direito a chegar, nunca pensei chegar hoje e sentir-me ameaçada nos meus direitos. Sou livre, mulher (…) não aceito retrocessos, barreiras que desvirtuem as conquistas de Abril”, afirmou a socialista já nascida no pós 25 de Abril de 1974, realçando que as mulheres são as primeiras a ser “alvo de machismo, conservadorismo”, mas que continuaram a lutar pelos seus direitos.
O discurso mais incómodo coube à bancada do PSD que, pela voz de José Navarro, teceu duras críticas aos socialistas que governam o município e lideram a assembleia municipal, órgão que tem a responsabilidade de fiscalizar mas que, segundo ele, “consente pelo silêncio e pela renúncia a todas as políticas lesivas do executivo”. Além disso, vincou, em Azambuja “os laços de parentesco e o cartão partidário são o melhor passaporte para aceder a lugares públicos gratificantes”.
Sobre o concelho disse estar a ficar cada vez mais para trás. “O desenvolvimento não passa por aqui quando se permite a instalação de um gigantesco parque fotovoltaico em zonas verdes agrícolas, quando se aceita uma lixeira à porta da vila, quando o planeamento é posto na gaveta para ser desordenado a favor de interesses particulares e muitas vezes obscuros”, referiu. E acrescentou: “Ao fim de 50 anos a democracia está doente no concelho de Azambuja. O estado da Educação e Saúde é catastrófico, reduzido à insignificância política sem coragem. Quem tem governado o concelho está mais empenhado em festas do que em resolver os problemas dos cidadãos”.

Liberdade não deve ser dada como garantida
O presidente do município, Silvino Lúcio (PS), disse ser cada vez mais fundamental “passar o testemunho às novas gerações levando-as a sentir e reconhecer o valor da liberdade que no tempo em que vivemos não deve ser dada como garantida mas conquistada todos os dias”. Ainda do lado do PS, a eleita Cláudia Gomes salientou que a “solidariedade e tolerância são pilares essenciais da vida de uma sociedade livre, igualitária, económica e socialmente desenvolvida”, alertando que essa matriz está em risco pois “à espreita está uma extrema-direita e uma direita racista, xenófoba”.
A CDU, representada por António Nobre, afirmou que algumas das conquistas de Abril foram “destruídas ou amputadas” e que por isso é preciso continuar a defendê-las “traçando armas contra os que querem levar mais longe a sua destruição”. O eleito responsabilizou ainda pelo estado do país quem o governou ao “arrepio dos valores destruindo conquistas” de Abril.
Ainda à esquerda, António Pito, do Bloco de Esquerda, evidenciou que algumas conquistas têm “andado para trás” levando a “trabalho sem direitos, salários e reformas baixas, desinvestimento no SNS, crise nos serviços públicos, da habitação e o agravamento do custo de vida”. Pelo Chega, Maria de Fátima Pinto acusou a esquerda de desgovernar Portugal ao nível da economia, educação, defesa nacional e segurança pública” e afirmou que o partido que representa tem “a resiliência necessária para dignificar Portugal contra este sistema fracassado”.

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