Política | 14-10-2025 21:00

Vereador da Câmara de Salvaterra abandona pelouros a poucos dias das autárquicas

Vereador da Câmara de Salvaterra abandona pelouros a poucos dias das autárquicas
Paulo Cação deixou pelouros praticamente no final do mandato, quando começou a campanha eleitoral - foto O MIRANTE

O vereador socialista Paulo Cação renunciou aos pelouros que lhe estavam atribuídos na Câmara de Salvaterra de Magos, numa decisão comunicada a pouco mais de uma semana das eleições autárquicas. Cisões no PS podem ter consequências políticas relevantes nas próximas autárquicas.

Paulo Cação, vereador socialista da Câmara de Salvaterra de Magos, comunicou no dia 1 de Outubro que abdicava dos pelouros que lhe estavam atribuídos pelo presidente Hélder Esménio (PS). “Apresento-me apenas como vereador eleito, tendo abdicado dos pelouros e, obviamente, da remuneração”, afirmou, acrescentando que a decisão surge no seguimento de um novo projecto profissional na área da educação.
O autarca, estranhamente, sublinhou que a opção de ser vereador sem pelouros “é uma forma de coerência política”, apesar de ter continuado no elenco do município, com pelouros, durante quase um ano a partir do momento em que houve uma cisão nas hostes socialistas. Paulo Cação disse, na última reunião de câmara, que as palavras de transparência e de desapego a cargos remunerados se demonstram pelas atitudes, não pelos discursos nem pelas publicações no Facebook, apesar de ter abdicado dessas funções remuneradas apenas no final do mandato.
Os pelouros que lhe estavam entregues eram os do Desporto, Turismo e Desenvolvimento Económico e Empreendedorismo, embora tenha lançado a farpa ao restante executivo socialista, dizendo que no caso dos dois últimos “nunca chegaram a ser confiados na prática”. Paulo Cação deixou os pelouros a uma semana das eleições autárquicas mas fez questão de esclarecer que a decisão não significa um afastamento da política local, pois integra o quarto lugar da lista do PS à Câmara de Salvaterra de Magos.

PS dividido
A renúncia de Paulo Cação aconteceu cerca de um ano depois de um quadro de forte divisão interna no PS de Salvaterra de Magos. Uma parte dos socialistas, incluindo a actual vice-presidente da câmara, Helena Neves, rompeu com o partido e avançou para as eleições autárquicas com o movimento independente Juntos Fazemos +, que integra ainda o vereador Noel Caneira (ex-PS), o presidente da União de Freguesias de Salvaterra e Foros, Manuel Bolieiro (também eleito pelo PS), e o antigo vereador social-democrata Francisco Naia.
Já Paulo Cação manteve-se fiel à candidatura socialista, liderada por Francisco Madelino, actual presidente da assembleia municipal e presidente da concelhia do PS, exercendo funções de vereador com pelouros atribuídos e usufruindo da remuneração nessa qualidade, até começar oficialmente a campanha eleitoral.
Recorde-se que Francisco Madelino foi escolhido como cabeça-de-lista socialista por 12 votos contra 9 obtidos por Helena Neves, depois de uma votação interna renhida no PS de Salvaterra de Magos. A escolha de Madelino dividiu o partido e provocou a ruptura. O candidato, que já foi presidente da Fundação Inatel durante nove anos, foi afastado desse cargo em Agosto de 2024 por resolução do Conselho de Ministros, depois de ter sido alvo de suspeitas de má gestão e favorecimento político. Ainda assim, a concelhia socialista descreveu-o como “um dos mais qualificados quadros” do PS e, dois meses depois, em Outubro de 2024 assumiu ser candidato à Câmara de Salvaterra de Magos.

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