Sociedade | 01-05-2024 07:00

Funcionário da Caixa Agrícola do Cartaxo apropriou-se de 567 mil euros de clientes

O sub-coordenador da Caixa Agrícola do Cartaxo até ao início de 2019, montou um esquema e roubou dinheiro de seis contas de clientes através de ordens de levantamentos que colocava entre outros papéis para assinar e transferências para a sua empresa ligada ao ramo imobiliário e distribuição de vinhos, que actualmente tem sede em Lisboa. Quase metade dos 567 mil euros foi retirada da conta de um casal.

Um funcionário da Caixa Agrícola do Cartaxo está a ser julgado por apropriar-se de 567.165 euros de contas de clientes e de ter transferido dinheiro para uma conta da sua empresa. O arguido, acusado de um total de 20 crimes, também conseguiu enganar a proprietária de uma casa que comprou através da empresa com cheques sem cobertura. Segundo o Ministério Público o arguido apenas devolveu 20 mil euros do que roubou.
O bancário, quando os clientes se deslocavam ao banco, colocava dissimuladas entre os papéis que tinham de assinar ordens de levantamentos em numerários, que aqueles acabavam por assinar também sem se aperceberem. Depois apresentava os documentos aos seus colegas do banco pedindo-lhes que entregassem os montantes, fazendo crer que eram para entregar aos clientes, apoderando-se do dinheiro. Com este estratagema conseguiu enganar um casal em 363 mil euros, através de 54 ordens de levantamentos.
A investigação revela que João das Almas, natural do concelho do Cartaxo, começou a apropriar-se de dinheiro em Maio de 2016 e o esquema durou até Abril de 2019, altura em que a situação foi descoberta e comunicada às autoridades. O funcionário também conseguiu através do sistema informático da instituição bancária fazer duas transferências de 10 mil euros cada para a sua empresa SNC Empreendimentos Agro-Turísticos, ligada ao ramo imobiliário, mas que no seu objecto social também tem produção e distribuição de vinhos.
O funcionário, que tinha a função de subcoordenador da agência bancária, chegou a fabricar um documento com um valor que não correspondia à realidade para apresentar a um dos lesados e assim fazer crer que estava tudo bem com a sua conta. Além do casal, o bancário lesou mais cinco pessoas. O segundo maior lesado, uma mulher, viu desaparecer um total de 70 mil euros da sua conta em seis ocasiões, sendo que cinco levantamentos foram feitos em Fevereiro de 2019 e a de maior montante, 23 mil euros, em Janeiro de 2018. Os outros clientes foram lesados em quantias de 49, 38, 25 e 22 mil euros.
Sobre a compra do imóvel em nome da SNC, o Ministério Público diz que João das Almas entregou após a escritura um cheque sem cobertura no valor de 30 mil euros, mas tinha emitido outros três cheques poucos dias antes, cada um de 11 mil euros, para pagar uma dívida que tinha à proprietária do imóvel, que também foram devolvidos por falta de provisão. Depois disso voltou a passar outro cheque para pagar a dívida e outro para pagar o negócio, que também não tinham cobertura, tendo ficado prejudicada em 118 mil euros.
Os crimes imputados ao bancário são um de falsidade informática, sete de falsificação de documentos, seis de burla qualificada e seis crimes de emissão de cheques sem provisão. A sociedade, que se mudou do Cartaxo para Santarém e agora tem instalações em Lisboa, também é responsável por alguns crimes, como falsidade informática, falsificação de documentos e burla qualificada. O crime de maior gravidade é o de burla qualificada que atendendo ao montante elevado é punido com prisão de dois a oito anos para cada um deles. O de falsificação de documentos tem uma moldura de penas de prisão até três anos ou pena de multa.

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